domingo, 22 de maio de 2016

Jornal El País acusa PMs de tortura e assassinato de adolescente em Lauro de Freitas

El País acusa policiais de tortura e assassinato de adolescente em Lauro de Freitas
Foto: Arquivo Pessoal / El País/reprodução
Um novo caso de abuso policial na Bahia teria ocorrido no dia 27 de abril em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. De acordo com o jornal espanhol El País, Inácio de Jesus, de 16 anos, voltava do lava jato do tio com um amigo quando foi parado por uma viatura com três policiais militares. Os agentes teria levado o adolescente para um matagal próximo a um presídio, desligado o GPS da viatura e iniciado uma sessão de tortura que durou horas, entre golpes, asfixia com sacola plástica e ameaça de abuso.

Segundo o jornal, os policiais procuravam armas e drogas e, como não encontraram, teriam levado os jovens de volta para casa. Porém, quatro horas depois, os policiais voltaram afirmando que haviam encontrado uma arma com o adolescente. Ele foi então levado para a delegacia, onde passou a noite preso mesmo sendo menor de idade. A mãe de Inácio relatou que ele foi liberado no dia seguinte e, ao voltar para casa, contou sobre a tortura e a prisão. “O menino andava torto, tinha as pernas inchadas de ter passado a noite inteira de pé, e dois dias depois começou a passar mal, estava com falta de ar. Levei-o ao médico”, lembra a mãe. 

O adolescente foi a um posto de saúde, medicado e liberado. Ainda sem conseguir respirar, voltou a ser internado e, quatro dias depois, morreu. Segundo a família, o médio explicou que o jovem tinha uma lesão na traqueia e no esôfago, que comprometeu o pulmão. As sequelas estariam supostamente ligadas às tentativas de asfixia. No primeiro informe, ao qual o EL País teve acesso, o médico constatou que o garoto havia sido vítima de agressões e apresentava um “enfisema subcutâneo na região cervical”. O laudo sobre a morte do menino ainda não está pronto. De acordo com o jornal espanhol, a mãe denunciou o caso para a Corregedoria da Polícia, órgão que fiscaliza as corporações, antes mesmo da morte do filho. “Meu filho não era errado, mas mesmo que fosse eles não teriam esse direito de fazer o que fizeram com ele. Eles nos advertiram que sabiam onde a gente morava, mas eu denunciei. Antes dele morrer. Só não deu tempo de salvar a vida dele”, contou. Os seis policiais envolvidos continuam trabalhando normalmente. 

A publicação traz ainda outros relatos sobre violência policial na Bahia. No mesmo bairro onde Inácio foi abordado, um serralheiro teria denunciado que foi levado no porta-malas de um carro por dois policiais à paisana. Também torturado em um matagal, ele teria sido ameaçado de morte e espancado durante horas, inclusive tendo álcool jogado sobre a cabeça. Os agentes envolvidos também continuariam trabalhando nas mesmas funções, no Serviço de Inteligência da PM.

Fonte:BN

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