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sexta-feira, 4 de março de 2016

VESTIBULAR 2016: CONFIRA A CONCORRÊNCIA DA UNEB













As provas do Vestibular UNEB 2016 serão aplicadas neste domingo (6) e segunda-feira (7), em 28 estabelecimentos da capital e 63 do interior do estado, contemplando todas as 24 cidades onde a universidade possui campus.

Os 38.732 candidatos inscritos devem acessar seus locais de prova nos endereços eletrônicoswww.vestibular2016.uneb.br e www.consultec.com.br

De acordo com o edital de convocação, os portões serão abertos às 7h20 e fechados às 7h50, seguindo o horário local. Os exames terão início às 8h.

Confira a Concorrência do Vestibular 2016 da UNEB -Universidade do Estado da Bahia divulgada hoje(4) pela instituição. Confira no link abaixo:


lhttp://www.uneb.br/files/2016/03/concorrencia_vest2016.pdf


Fonte:Site da instituição.

"É LAMENTÁVEL QUE O JUDICIÁRIO TRABALHE EM CONJUNTO COM A IMPRENSA”, DIZ LULA

Lula prega recomeço do PT e se diz 'magoado' por ação da Lava Jato
Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva se defendeu, nesta sexta-feira (4), após a sua condução coercitiva na 24ª etapa da Operação Lava Jato. Em pronunciamento na sede do PT, Lula relembrou a sua história, disse estar magoado, mas pregou o recomeço do PT. “Embora esteja magoado, o que aconteceu hoje foi o que precisava acontecer, porque vou levantar minha cabeça. Há muito tempo alguém faz o PT sangrar todos os dias.

A partir da semana que vem, quem quiser um discurso de Lula, é só acertar. É preciso recomeçar, vamos recomeçar, fazendo as mesmas coisas. Estou disposto a fazer a minha parte. Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo”, metaforizou. Ainda de acordo com o ex-presidente, a condução coercitiva foi desnecessária. “Enquanto muitos não faziam nada, nós lutávamos pelo direito de greve, de liberdade de imprensa. Lamentavelmente, eles preferiram usar prepotência, um show de pirotecnia. 

Enquanto uns advogados não sabiam nada, alguns meios de comunicação já sabiam. É lamentável que o judiciário trabalhe em conjunto com a imprensa”, acusou. Lula pediu ainda mais respeito à sua família – sua esposa, Marisa Letícia, e seus filhos -. Para ele, há uma tentativa de criminalização em curso. “Não há explicação para ir atrás dos meus filhos. Eu quero dizer a Clara [funcionário do Instituto Lula]... pedir desculpa. Hoje, ser amigo do Lula virou uma coisa perigosa; é preciso criminalizar o PT e o Lula, pois esse cara pode continuar no governo. Eu só consigo entender uma explicação para essas ações”, sugeriu. A presidente Dilma Rousseff também foi lembrada por Lula no discurso. Para ele, estão impedindo a mandatária de governar. “Eles estão de 26 de outubro de 2014 não permitindo que Dilma governe esse país. Se tem alguém nesse país que precisa de autonomia, é a presidente porque ninguém quer que ela governe. Estão acabando com a liberdade dela de governar o país”, sugeriu, ao completar: "Só tem um jeito de levantar a cabeça que é não ter medo".

Fonte:BN

Bahia:'Está nas mãos do governador', afirma maestro da Osba sobre situação da orquestra

'Está nas mãos do governador', afirma maestro da Osba sobre situação da orquestra
Foto: Adenor Gondim/reprodução
O maestro Carlos Prazeres se reuniu na tarde desta sexta-feira (4) com o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Jorge Portugal, para ouvir suas propostas diante do quadro de crise da Osquestra Sinfônica da Bahia (Osba). "Nossa conversa foi bastante boa, proveitosa e eu vi o secretário realmente empenhado em atender imediatamente essa questão", defendeu o maestro em entrevista ao Bahia Notícias. 

Antes da reunião, Prazeres relatou as condições precárias de funcionamento da orquestra, que carece de medidas imediatas para solucionar o problema. No último domingo (28), a Osba apresentou um concerto-protesto na Igreja do São Francisco, no Pelourinho, com déficit de músicos e sem repertório sinfônico.

 A orientação que se chegou na reunião foi de que realmente a publicização, o startar do processo de autorização para a publicização é o caminho. Porque ainda estávamos em dúvida se tomávamos o caminho paliativo, como REDA, por exemplo, mas a gente realmente chegou a conclusão de que talvez a diferença orçamentária não fosse tão grande, então é melhor que a gente tome uma solução definitiva", esclareceu o maestro, satisfeito com a resolução. 

Com a decisão alinhada com a Secretaria de Cultura do Estado (Secult), Prazeres ressalta que a responsabilidade de resolver a situação está agora nas mãos de Rui Costa, que retorna da China no próximo dia 14. "Está única e exclusivamente nas mãos do governador", ressaltou. Sem CNPJ – a Osba é vinculada à Funceb –, a orquestra não pode se inscrever em edital, abrir licitação e, no momento, sem recursos públicos ou qualquer possibilidade de atrair apoios privados, a orquestra fica limitada para contratar músicos, renovar instrumentos e até se apresentar em outros locais. "Mesmo que a gente quisesse fazer uma licitação pra captar, uma vez que a licitação é feita – que é um processo burocrático imenso –, esse dinheiro entra na conta do governo, que pode ou não destiná-lo dinheiro pra Orquestra Sinfônica da Bahia", pontuou o maestro. "Então, não é privatizar, é uma parceria com a sociedade civil, que a gente chama de publicização. O aporte financeiro vem do governo, mas a gente tem metas de captação pra conseguir capital privado, parceiros, por exemplo, estampar uma logomarca e sair por aí excursando pelo Brasil, coisa que a gente hoje não pode fazer", acrescentou.

Fonte: Bahianotícias/reprodução

Lula e o PT aguardavam 24ª da lava jato desde segunda-feira(29)



Presidente Dilma convocou reunião de emergência -foto:reprodução

O Instituto Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) aguardavam desde segunda-feira (29) a 24ª fase da Operação Lava Jato, finalmente deflagrada nesta sexta-feira.
Assessores do Instituto Lula chegara a enviar mensagens por Whatsapp a diretórios do PT pedindo a mobilização de militância do artido para protestar contra o que consideram "ação política" da Justiça..
A assessoria de Lula, na ocasião, conclamou a militância a reagir à "tentativa de criminalização do presidente Lula". Informações do Diário do poder.

Lava Jato: Justiça autoriza condução coercitiva do ex-presidente Lula


Lula
O ex-presidente Lula[/caption]A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram na manhã desta sexta-feira a 24ª fase da da Operação Lava Jato. Os mandados estão sendo cumpridos em endereços do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do seu filho, Fabio Luiz Lula da Silva. A PF esta na casa do petista, no Instituto Lula, na casa e no escritório de Fábio Luís.
A operação foi deflagrada com base em investigações sobre a compra e reforma de um sítio em Atibaia frequentado pelo petista, o fato de sua mudança ter sido transportada para o local e a relação desses episódios com empreiteiras investigadas na Lava Jato, além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS. O Estado apurou que há mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente Lula e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.A Operação foi batizada de 'Aletheia' em referência a expressão grega que significa busca da verdade.
Cerca de 200 policiais estão nas ruas e 30 auditores da Receita para cumprir 44 ordens judiciais, entre elas 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. São investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto do esquema criminoso revelado pela Lava Jato que envolve pagamento de propina por grandes empreiteiras em troca de obras na Petrobrás a partidos políticos.
Fonte:Estadão-foto:reprodução

quinta-feira, 3 de março de 2016

Rio: Corpo de neto de Chico Anysio é encontrado, e mãe desabafa em rede social


Nizo Neto com o filho Rian e a ex-mulher Brita Brazil
Nizo Neto com o filho Rian e a ex-mulher Brita Brazil -foto:reprodução
Marcia Brita Brazil, mãe de Rian Brito, publicou mensagem em sua página pessoal no Facebook nesta quinta-feira (3) em que confirma a perda e critica especulações sobre a causa da morte do jovem, que estava desaparecido desde o último dia 23 e teve o corpo encontrado nesta manhã, na Praia do Valão, na Reserva de Jurubatiba, em Quissamã, no norte fluminense. 
Marcia e Nizo Neto, filho do humorista Chico Anysio, estiveram no IML de Macaé (RJ), nesta tarde, para fazer o reconhecimento do corpo, que, segundo o tenente Amaro Garcias, coordenador da Defesa Civil de Quissamã, estava com a pulseira, cordão e a bermuda que o filho usava quando desapareceu. De acordo com a Polícia Civil, o corpo foi identificado por impressão digital.
Às 18h20, um carro funerário deixou o IML com rumo ao Rio de Janeiro. Dez minutos depois, a família deixou o local sem falar com a imprensa. De acordo com o Memorial do Carmo, no Caju, o corpo de Rian será cremado nesta sexta-feira, às 16h.
"Não acredito que diante da dor que estamos vivendo pela perda de nosso querido filho Rian, alguém tenha coragem de INVENTAR que foi suicídio", desabafou Marcia na rede social, pouco após a chegada do corpo no IML, às 16h25. "Vocês são monstros. Mais uma vez a imprensa baseada em grana cria uma imagem distorcida da realidade. Nojo de vcs!", escreveu a mãe.
 
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de afogamento, mas a investigação não foi concluída. 
Marianna Fontes/UOL
Corpo de Rian Rizo chega ao IML de Macaé (RJ)
Ao UOL, o tenente Garcias disse que o corpo de Rian foi encontrado por um pescador e um guarda municipal, que passaram a informação para a Defesa Civil. "Fomos até o local, uma área de difícil acesso. O corpo está em decomposição, provavelmente foi jogado do mar para a mata. Eu queria achar ele com vida, estou com 36 anos de bombeiro e a gente se emociona pelo drama dos pais. Nós levamos a mãe até o local onde achamos os pertences dele esta semana e isso é muito triste," declarou. 
De acordo com o tenente Garcias, o corpo estava a 25 km de onde foram encontrados documentos pessoais, um cartão bancário, uma camisa e os chinelos de Rian, no dia 28, na Praia do Paulista. De acordo com a delegada de Polícia Elen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), uma perícia foi realizada no local antes do encaminhamento do corpo ao IML de Macaé para necropsia e identificação.
Rian Brito de Oliveira de Paula tinha 25 anos, cursava Produção Musical em uma faculdade particular do Rio e desapareceu após ter sido deixado pela mãe em uma autoescola no bairro de São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. No domingo (29), a Polícia Civil divulgou imagens que mostravam Rian entrando num táxi na porta de um shopping no mesmo bairro. Na quarta-feira, Nizo contou em seu Facebook que câmeras registraram o rapaz sozinho, pegando sozinho na rodoviária do Rio um ônibus para Quissamã, na noite do dia 23.
Nizo foi até Quissamã no dia 2 e divulgou um vídeo em seu Facebook, antes de o corpo aparecer, dizendo que não sabia de nenhuma ligação do filho com a região. "Nunca nenhum de nós, nenhum amigo dele sabe de nenhum plano que ele tinha de vir para cá e isso para gente é um grande mistério. Estivemos no local hoje, onde foram encontrados os pertences dele e assim torna a coisa mais misteriosa porque é uma praia muito deserta, onde as pessoas não frequentam ali para lazer. O acesso é difícil, é uma praia enorme, tem um pedaço oposto dela com mata e é onde a gente imagina e espera que ele tenha ido", disse ele em um trecho do vídeo.
Site:Uol c/* Colaboração de Ana Cora Lima, Ludmila Fernandes, em Macaé, e Marcela Ribeiro

PGR Confirma acordo de delação premiada de Sen. Delcídio Amaral

Foto:PGR/reprodução

A Procuradoria Geral da República confirmou na tarde desta quinta (3) a autenticidade da delação premiada do senador e ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS), revelada pela revista IstoÉ. O advogado do senador e setores governistas colocavam em dúvida a autencidade do documento divulgado.
A confirmação de alta fonte da PGR foi feita à rádio BandNews FM. De acordo com reportagem de IstoÉ, Delcídio revelou que o ex-presidente Lula foi o mentor da reunião em que ele ofereceu dinhero e fuga ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, em troca do seu silêncio. Contou também que a presidente Dilma Rousseff tentou interferir nas investigações da Operação Lava Jato.
Dilma também sempre soube das negociações para a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobras.
Delcídio foi preso no dia 25 de novembro após gravação revelar esquema de fuga do País de Nestor Cerveró proposto pelo parlamentar para evitar a delação do ex-diretor da Petrobras. No áudio, o senador propõe ainda uma mesada de R$ 50 mil mensais. Há pouco mais de uma semana, o petista deixou a prisão.

Fonte:Diário dopoder/reprodução

Lava Jato: Sen. Delcídio nega informações sobre delação publicada na Istoé




Uma nota do senador Delcídio Amaral pode gerar uma reviravolta no Palácio do Planalto. Após a revista Isto É ter estampado na capa informações sobre a delação do senador, preso por tentar atrapalhar as investigações da Operação da Lava Jato e solto mês passado, o senador negou as informações contidas na reportagem.  
Conforme publicado pelo portal UOL, Delcídio disse em nota que não confirma o conteúdo da reportagem da Isto É, não reconhece a autenticidade dos documentos apresentados pela reportagem e que não foi procurado pela revista para se pronunciar.  
 
Leia a nota: 
 
"Em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público, o senador Delcídio Amaral e sua defesa vêm se manifestar sobre a matéria publicada na Revista IstoÉ na data de hoje. À partida, nem o senador Delcídio nem sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto. Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestar sobre a fidedignidade dos fatos relatados. Por fim, o senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República.

Fonte:Bocão News

Salvador:Processo movido por Átila Brandão contra prof. Emiliano José tem novo capítulo

Processo movido por Átila Brandão conta Emiliano José tem novo capítulo
Átila e Emiliano | Foto: Montagem/ Bahia Notícias
O processo movido pelo bispo da Igreja Batista Caminho das Árvores e ex-militar, Átila Brandão, contra o ex-deputado baiano e professor da Ufba, Emiliano José, terá mais um capítulo nesta quinta-feira (3). Às 14h, no Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré, oitivas de testemunhas de acusação e defesa serão lidas. Emiliano é processado por Brandão após escrever um artigo em A Tarde e Carta Capital em que relata a “A premonição de Yaiá (leia aqui)” – um episódio relatado a ele por Maria Helena Afonso (Yaiá), em que Maria fala do período da ditadura e conta como encontrou o filho dela (Renato Afonso) sendo torturado pelo ex-militar. 

De acordo com Emiliano, o hoje evangélico “não se conformou” com o artigo. “Eu fiz apenas o meu trabalho jornalístico. Queria relatar a história de um homem que foi torturado por um outro homem que hoje se diz bispo”, conta. Ainda de acordo com o ex-deputado, Átila pretende prendê-lo. “É até irônico. Eu fui torturado pela ditatura e agora sou acusado por um agente do regime. Ele que tirar minha liberdade de expressão”, acusa. A celeuma, ainda de acordo com o professor, serve também para discutir a liberdade de imprensa. “Não tinha nada demais e ele quis judicializar isso. Estamos aproveitando para fazer a discussão da liberdade de imprensa”, detalhou. Na oitiva de hoje, Renato Afonso deve ser ouvido e o ex-governador da Bahia e vereador de Salvador, Waldir Pires, irá prestar apoio ao colega petista. 

Fonte:BN/reprodução

Lava Jato:Senador Delcídio fez delação premiada, diz revista Istoé

Pouco antes de deixar a prisão, no dia 19 de fevereiro, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. ISTOÉ teve acesso às revelações feitas pelo senador. Ocupam cerca de 400 páginas e formam o mais explosivo relato até agora revelado sobre o maior esquema de corrupção no Brasil – e outros escândalos que abalaram a República, como o mensalão.
Com extraordinária riqueza de detalhes, o senador descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato.
O senador Delcídio também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações - inclusive sendo o mandante do pagamento de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas. O relato de Delcídio é devastador e complica de vez Dilma e Lula, pois trata-se de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões em que decisões nada republicanas foram tomadas, como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas –a mando de Dilma e Lula, segundo ele.
O TERMO DE DELAÇÃO PREMIADA QUE HAVIA SIDO NEGADO PELA DEFESA DE DELCÍDIO.
Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação. O acordo só não foi sacramentado até agora por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio. Apesar de avalizada por procuradores da Lava Jato, a condição imposta pelo petista não foi aceita por Zavascki, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República e concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência. Para o senador, os seis meses eram o tempo necessário para ele conseguir escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Agora, seus planos parecem comprometidos.
As preocupações de Delcídio fazem sentido. Sobretudo porque suas revelações implicaram colegas de Senado, deputados, até da oposição, e têm potencial para apressar o processo de impeachment de Dilma no Congresso. O que ele revelou sobre a presidente é gravíssimo. Segundo Delcídio, Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação.
JUIZ FEDERAL SERGIO MORO.











A terceira investida da presidente contou com o envolvimento pessoal do senador petista. No primeiro anexo da delação, Delcídio disse que, diante do fracasso das duas manobras anteriores, uma das quais a famosa reunião em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, “a solução” passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. Na semana da definição da estratégia, Delcídio contou que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada.

Os dois conversavam enquanto caminhavam pelos jardins do Alvorada, quando Dilma solicitou que Delcídio, na condição de líder do governo, “conversasse como o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Conforme acertado com a presidente, Delcídio se encontrou com Navarro “no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera”, o que, segundo o senador, pode ser atestado pelas câmeras de segurança. Na reunião, de acordo com Delcídio, Navarro “ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr. Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o assunto”.

O acerto foi cumprido à risca. Em recente julgamento dos habeas corpus impetrados no STJ, Navarro, na condição de relator, votou pela soltura dos dois executivos. O problema, para o governo, é que o relator foi voto vencido. No placar: 4x1 pela manutenção da prisão.
A ação de uma presidente da República no sentido de nomear de um ministro para um tribunal superior em troca do seu compromisso de votar pela soltura de presos envolvidos num esquema de corrupção é inacreditável pela ousadia e presunção da impunidade. E joga por terra todo seu discurso de “liberdade de atuação da Lava Jato”, repetido como um mantra na campanha eleitoral. Só essa atitude tem potencial para ensejar um novo processo de impeachment contra ela por crime de responsabilidade.

Segundo juristas ouvidos por ISTOÉ, a lei 1.079 que define os crimes de responsabilidade diz no artigo nono, itens 6 e 7, que atenta contra a probidade administrativa – e é passível de perda de mandato – usar de suborno ou qualquer outra forma de corrupção para levar um funcionário público a proceder ilegalmente ou agir de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro. O que também poderá trazer problemas para Dilma é o trecho da delação de Delcídio a respeito da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, considerada um dos negócios mais desastrosos da Petrobras e que foi firmado em 2006 com um superfaturamento de US$ 792 milhões, quando Dilma presidia o Conselho de Administração da estatal.

A versão da presidente era de que ela e os conselheiros do colegiado não tinham conhecimento de cláusulas desfavoráveis a Petrobras, mas Delcídio no anexo 17 da delação é taxativo: “Dilma tinha pleno conhecimento de todo o processo de aquisição da refinaria”. “A aquisição foi feita com conhecimento de todos. Sem exceção”, reforçou o senador. Não seria a primeira vez que Delcídio desmentiria Dilma na delação. No anexo 03, o senador garante que ela teve participação efetiva na nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria da BR Distribuidora, contrariando o que ela havia afirmado anteriormente.

No relato aos procuradores, Delcídio disse que “tem conhecimento desta ingerência (de Dilma), tendo em vista que, no dia da aprovação pelo Conselho, estava na Bahia e recebeu ligações de Dilma”. Ex-diretor internacional da Petrobras, Cerveró foi preso em janeiro de 2015, acusado de receber propina em contratos da estatal com empreiteiras. Até então, a indicação de Cerveró era atribuída a Lula e José Eduardo Dutra, ex-presidente da BR Distribuidora, falecido no ano passado. Mas segundo Delcídio, a atuação de Dilma foi “decisiva”. A presidente ligou para ele duas vezes.
Na primeira, a presidente telefonou “perguntando se o Nestor já havia sido convidado para ocupar a diretoria financeira da BR Distribuidora”. “Depois, ligou novamente, confirmando a nomeação de Nestor para o referido cargo”, o que se concretizou no dia 3 de março de 2008. Cerveró foi o pivô da prisão de Delcídio. Em 25 de novembro do ano passado, pela primeira vez desde 1985, o Supremo mandava prender um senador no exercício do mandato. Um dos motivos apontados pelo ministro Teori Zavascki foi a oferta de uma mesada de R$ 50 mil para que Cerveró não celebrasse um acordo de delação premiada.

Na delação, Delcídio não só forneceu detalhes do pagamento como fez uma revelação bombástica: disse que o mandante dos pagamentos à família Cerveró foi o ex-presidente Lula. O senador petista trata do tema no anexo 02 da delação. Segundo Delcídio, Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o amigo e pecuarista José Carlos Bumlai, porque ele estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Bumlai, segundo o senador, gozava de “total intimidade” e exercia o papel de “consigliere” da família Lula – expressão usada pela máfia italiana e consagrada no filme “O Poderoso Chefão” para designar o conselheiro que detinha uma posição de liderança e representava o chefe em reuniões importantes.

A transcrição da delação pelos procuradores diz no que consistia a ajuda exigida por Lula a Bumlai: “No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró”. Na conversa com o ex-presidente, de acordo com outro trecho da delação, Delcídio diz que “aceitou intermediar a operação”, mas lhe explicou que “com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação”. O acerto foi sacramentado. Depois de receber a quantia de Maurício Bumlai, a primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também preso pela Lava Jato.

Os repasses de dinheiro se repetiram em outras oportunidades, de acordo com Delcídio, por meio do assessor Diogo Ferreira. O total recebido foi de R$ 250 mil. Para os procuradores que tomaram o depoimento de Delcídio, a revelação é de extrema gravidade e pode justificar a prisão do ex-presidente Lula. Integrantes da Lava Jato elaboram o seguinte raciocínio: se o que embasou a detenção de Delcídio, preventivamente, foi a tentativa do senador de obstruir as investigações, atestada pela descoberta do pagamento a Cerveró, o mesmo se aplicaria a Lula, o mandante de toda a artimanha.

Não seria a primeira vez que, durante a delação aos integrantes da Lava Jato, Delcídio envolveria Lula na compra do silêncio de testemunhas. De acordo com o senador, Lula e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, em meados de 2006, articularam o pagamento a Marcos Valério para que ele se calasse sobre o mensalão. O dinheiro, um total de R$ 220 milhões destinados a sanar uma dívida, segundo Delcídio, foi prometido por Paulo Okamotto. Aos procuradores, o senador relatou uma conversa com Lula em que ele o alerta: “Acabei de sair do gabinete daquele que o senhor enviou a Belo Horizonte (Okamotto). Corra, Presidente, senão as coisas ficarão piores do que já estão”.

Na sequência, Palocci ligou para Delcídio dizendo que o Lula estava “injuriado” em razão do teor da conversa, mas que ele (Palocci), a partir daquele momento, “estaria assumindo a responsabilidade pelo pagamento da dívida”. Valério, de acordo com o senador petista, não recebeu a quantia integral pretendida. De todo o modo, diz o trecho da delação, “a história mostrou a contrapartida: Marcos Valério silenciou”. Ainda sobre o mensalão, Delcídio – ex-presidente da CPI dos Correios – disse ter testemunhado na madrugada do dia 5 de abril de 2006 as “tratativas ilícitas para retirada do relatório (final da CPI) dos nomes de Lula e do filho Fábio Luís Lula da Silva em um acordão com a oposição”. Assim, segundo o anexo 21 da delação, Lula se salvou do impeachment.
O senador ainda lembrou aos procuradores uma frase do ex-ministro José Dirceu: “Pode checar quem ia à Granja do Torto aos domingos. Te garanto que não era eu”. Sem dúvida, afirmou Delcídio, tratava-se de uma referência a Delúbio Soares e Marcos Valério. Hoje, de acordo com Delcídio, um dos temas que “mais aflige” o ex-presidente Lula é a CPI do Carf. O colegiado apura a compra de MPs durante o governo do petista para favorecer montadoras e o envolvimento do seu filho, Luis Claudio, no esquema. Segundo o senador petista, “por várias vezes Lula solicitou a ele que agisse para evitar a convocação do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni para depor”.

O consultor Mauro Marcondes, amigo de Lula desde os tempos do ABC, e sua mulher foram presos na Operação Zelotes, da PF, acusado de intermediar a compra de MPs. Documentos integrantes da Operação mostram que a LFT, uma empresa de marketing esportivo pertencente a Luis Claudio Lula da Silva, recebeu R$ 1,5 milhão na mesma época em que lobistas foram remunerados por empresas interessadas na renovação da medida provisória. Afirmou Delcídio aos procuradores da Lava Jato: “Lula estava preocupado com as implicações à sua própria família, especialmente os filhos Fábio Luís e Luis Cláudio”, fato confirmado a ele por Maurício Bumlai.

Outra CPI, desta vez a dos Bingos (encerrada em 2006), segundo Delcídio, teria agido para proteger a presidente Dilma. A declaração vem no bojo de uma revelação que compromete a campanha da presidente em 2010. No anexo 29 da delação, o senador petista afirmou que “uma das maiores operações de caixa 2 para a campanha de Dilma em 2010 foi feita através do empresário Adir Assad”, condenado no fim de 2015 por ser um dos operadores do esquema do Petrolão.

“Orientados pelo tesoureiro de campanha de Dilma, José Di Filippi, os empresários faziam contratos de serviços com as empresas de Assad, que repassava recursos para as campanhas eleitorais”. De acordo com Delcídio, o encerramento prematuro e sem relatório final da CPI dos Bingos deveu-se exclusivamente a esse fato. “Quando o governo percebeu que as várias quebras de sigilo levariam à campanha Dilma 2010, determinaram o encerramento dos trabalhos”, afirmou. Parte dos depoimentos de Delcídio foi tomado dentro do próprio Supremo Tribunal Federal.

Segundo informou à ISTOÉ um dos procuradores responsáveis pelo acordo de delação, para que Delcídio conseguisse deixar a carceragem, em Brasília, sem ser notado, foi montada uma verdadeira operação de guerra envolvendo dezenas de policiais. Desde o início das tratativas a preocupação maior de Delcídio foi justamente com o vazamento prematuro do acordo. Por isso, as insistentes negativas de seus advogados. Até livrar sua pele no Senado, ele preferia o sigilo. Com o novo cenário, de altíssima octanagem, Brasília estremece. Pior para Delcídio. Melhor para os fatos.

Dilma interferiu na lava jato
No anexo 01 da delação, o senador Delcídio do Amaral revela que em três ocasiões a presidente Dilma Rousseff, no exercício do mandato, e o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tentaram interferir na Lava Jato. Nomeação do ministro Marcelo Navarro para o STJ fez parte de acordo para soltura de executivos presos.

1 – A Primeira Investida do Planalto
A despeito dos discursos do governo com relação à sua isenção nos rumos da operação Lava jato, é indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de tentar promover a soltura de réus presos no curso da referida operação. Faz parte dessa articulação o advogado Sigmaringa Seixas, figura influente quando se trata, no governo, de indicações para os tribunais superiores. Nas conversas com José Eduardo Cardozo, Dilma se refere a Sigmaringa como ‘the old man’.
A primeira investida do Planalto para tentar alterar os rumos da Lava Jato salta aos olhos pela ousadia: o encontro realizado em 07/07/2015 (18 dias após a prisão de Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo) entre Dilma, José Eduardo e o presidente do STF, Ricardo Levandowski, numa escala em Porto (Portugal) para supostamente falar sobre o reajuste de verbas do Poder Judiciário. A razão apontada pela Presidência é absolutamente injustificável... ...A razão principal do encontro, em verdade, foi a mudança nos rumos da Lava Jato. Contudo, a reunião foi uma fracasso, em função do posicionamento retilíneo do ministro Lavandowski, ao afirmar que não se envolveria.
2- A Segunda Investida do Planalto
Em virtude da falta de êxito na primeira investida, mudou-se a estratégia, que se voltou, então, para o STJ, José Eduardo esteve em Florianópolis em agenda institucional... ... A ideia era indicar para uma das vagas no STJ o presidente do TJ de Santa Catarina, Nelson Schaefer. Em contrapartida, o ministro convocado, Dr. Trisotto, votaria pela libertação dos acusados Marcelo Odebrecht e Otavio Azevedo. A investida foi em vão porque Trisotto se negou a assumir tal responsabilidade espúria. Mais um fracasso de José Eduardo em conseguir uma nomeação”.

MINISTRO MARCELO NAVARRO.












3- Terceira Investida do Planalto
Após os dois fracassos anteriores, rapidamente desenhou-se uma nova solução que passava pela nomeação de Marcelo Navarro, desembargador do TRF da 5ª Região, muito ligado ao ministro e presidente do STJ, Dr. Francisco Falcão. Tal nomeação seria relevante para o governo, pois o nomeado entraria na vaga detentora de prevenção para o julgamento de todos os Habeas Corpus e recursos da Lava Jato no STJ. Na semana da definição da nova estratégia, Delcídio do Amaral esteve com a presidente Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada. Conversaram enquanto caminhavam pelos jardins do Palácio e Dilma solicitou que Delcídio conversasse com o desembargador Marcelo Navarro a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo e de Otavio...

... Conforme o combinado, Delcídio do Amaral se encontrou com o desembargador Marcelo Navarrro no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera, o que poderá ser atestado pelas câmeras do Palácio. Nessa reunião, muito rápida pela gravidade do tema, o Dr. Marcelo ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o Dr. Falcão já o havia alertado sobre o assunto. Dito e feito. A sabatina do Dr. Marcelo pelo senado e correspondente aprovação ocorreram em tempo recorde. Em recente julgamento dos habeas Corpus impetrados no STJ, confirmando o compromisso assumido, o Dr. Marcelo Navarro, na condição de relator, votou favoravelmente pela soltura dos dois executivos (Marcelo e Otavio). Entretanto, obteve um revés de 4X1 contra seu posicionamento, vez que as prisões foram mantidas pelos outros ministros da 5ª turma do STJ.”

Dilma sabia de tudo do acerto de Pasadena
O senador conta que como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma Rousseff, sabia que por trás da compra da Refinaria de Pasadena havia um esquema de superfaturamento para desviar recursos da estatal. Ela poderia ter barrado as negociações, mas os contratos foram aprovados pelo Conselho de Administração em tempo recorde e a Petrobras teve um prejuízo de US$ 792 milhões, como foi comprovado pela Lava Jato e pelo TCU.
“Dilma Rousseff, como então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, tinha pleno conhecimento de todo o processo de aquisição da Refinaria de Pasadena e de tudo o que esse encerrava. A alegação de Dilma de que ignorava o expediente habitualmente utilizado em contratos desse tipo, alegando desconhecimento de cláusula como put option, absolutamente convencional, é, no mínimo, questionável. Da mesma forma, discutir um revamp de refinaria que nunca ocorreu, é inadmissível. A tramitação do processo de aquisição de Pasadena durou um dia entre a reunião da Diretoria Executiva e o Conselho de Administração. Delcídio esclarece que a aquisição de Pasadena foi feita com o conhecimento de todos. Sem exceção”.

Dilma queria Cerveró na Petrobrás
O senador revela como, em 2008, Dilma Rousseff atuou de forma decisiva para que Nestor Cerveró fosse mantido na direção da Petrobras. Na ocasião, Cerveró perdeu o cargo de diretor Internacional por pressão do PMDB, mas Dilma conseguiu coloca-lo na Diretoria Financeira da BR Distribuidora.

“Diferentemente do que afirmou Dilma Rousseff em outras oportunidades, a indicação de Nestor Cerveró para a Diretoria Financeira da BR Distribuidora contou efetivamente com a sua participação. Delcídio do Amaral tem conhecimento dessa ingerência tendo em vista que, no dia da aprovação pelo Conselho, estava na Bahia e recebeu ligações de Dilma...

...Não é correta a informação de que a Diretoria Financeira da BR Distribuidora tenha sido produto de entendimento exclusivo de Lula e Dutra (José Eduardo). Dilma Rousseff teve atuação decisiva, comprovada através das ligações mencionadas, quando da sua chegada ao Rio de Janeiro para a reunião do Conselho de Administração da Petrobras. Dilma Rousseff ligou para Delcídio perguntando se o Nestor já havia sido convidado para ocupar a Diretoria Financeira da BR Distribuidora. Depois, ligou novamente confirmando a nomeação de Nestor para o referido cargo, o que restou concretizado na segunda-feira, 03/03/2008, quando da posse de Nestor na BR Distribuidora e de Jorge Zelada na área internacional da Petrobras”.
  
CPI dos bingos protegeu Dilma

No anexo 29 da delação premiada, o senador Delcídio do Amaral descreve aos membros da Lava Jato uma operação de caixa dois na campanha de Dilma em 2010 feita pelo doleiro Adir Assad. Segundo Delcidio, o esquema seria descoberto pela CPI dos Bingos, mas o governo usou a base de apoio no Congresso para barrar a investigação dos parlamentares.

“Uma das maiores operações de caixa dois da campanha de Dilma em 2010 foi feita através de Adir Assad. Orientados pelo tesoureiro da campanha, José Filippi, os empresários faziam contratos de serviços com as empresas de Assad, que repassava os recursos para as campanhas eleitorais. Esse expediente foi largamente utilizado e o encerramento prematuro e sem relatório final da CPI dos Bingos deveu-se exclusivamente a esse fato. Quando o governo percebeu que as várias quebras de sigilo levariam à campanha de Dilma, determinou o encerramento imediato dos trabalhos”.

Lula mandou pagar Cerveró

Um dos relatos mais explosivos feitos pelo senador Delcídio do Amaral à operação Lava Jato está no anexo 2. O senador revela aos procuradores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou o esquema do pagamento de uma mesada a Cerveró para tentar evitar sua delação premiada. Foi por intermediar esses pagamentos que Delcídio acabou na cadeia. Lula não queria que o ex-diretor da Petrobras mencionasse o esquema do pecuarista José Carlos Bumlai na compra de sondas superfaturadas feitas pela estatal.

“Lula pediu expressamente a Delcídio do Amaral para ajudar o Bumlai porque supostamente ele estaria implicado nas delações de Fernando Soares e Nestor Cerveró. No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró com recursos fornecidos por Bumlai. Delcídio explicou a Lula que com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha uma boa relação. Delcidio, vendo a oportunidade de ajudar a família de Nestor, aceitou intermediar a operação.

A primeira remessa de R$ 50.000,00 foi entregue pelo próprio Delcidio do Amaral em mãos do advogado Edson Ribeiro, após receber a quantia de Mauricio Bumlai, em um almoço na churrascaria Rodeio do Iguatemi, em 22/05/2015 (em anexo existe base documental para isso). As entregas de valores à família de Nestor Cerveró se repetiram em outras oportunidades. Nessas outras oportunidades quem fez a entrega foi o assessor Diogo Ferreira (em anexo existe base documental disso). O total recebido pela família de Nestor foi de R$ 250.000,00. O próprio Bernardo (filho de Nestor Cerveró) recebeu em espécie do Diogo.

Lula comprou o silêncio de Marcos Valério

O ex-presidente cedeu às chantagens do publicitário Marcos Valério que exigiu R$ 220 milhões para se calar na CPI dos Correios sobre os meandros do Mensalão. Em seu depoimento, Delcídio afirma que ele e Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) tentaram negociar o pagamento, mas que foi o ex-ministro Antônio Palocci quem assumiu essa tarefa.

“Em 14/02/2006 foi conversado sobre o pagamento de uma dívida prometida por Paulo Okamotto em Belo Horizonte, a fim de que Marcos Valério silenciasse em relação às questões do mensalão. Nos dois dias seguintes, Delcidio do Amaral se reuniu sucessivamente: primeiro com Paulo Okamoto, a fim de que ele cumprisse com o prometido em Belo Horizonte (de acordo com Marcos Valério o valor seria de R$ 220 milhões); segundo com o ex-presidente Lula, sendo que na conversa Delcidio disse expressamente ao presidente: ‘acabei de sair do gabinete daquele que o senhor enviou à Belo Horizonte. Corra presidente, senão as coisas ficarão piores do que já estão’.

No dia seguinte, Delcidio recebeu uma ligação do então ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, na qual este disse: ‘parece que sua reunião com o Lula foi muito boa, né?’. A resposta de Delcidio foi a seguinte: ‘não sei se foi boa para ele’. Na sequência, o ministro da Fazenda, Palocci, ligou para Delcidio dizendo que Lula estava ‘injuriado’ com ele em razão do teor da conversa. Contudo, Palocci disse que estaria, a partir daquele momento, assumindo a responsabilidade pelo pagamento da dívida. Marcos Valério recebeu, mas não a quantia integral pretendida. De todo modo, a história mostrou a contrapartida: Marcos Valério silenciou.”
  
“Exclusão de Lula e Lulinha da CPI dos Correios evitou o impeachment”

No anexo 21 da delação, Delcídio relata a forte atuação de Lula e aliados sobre os parlamentares da CPI dos Correios. O senador, que presidiu a CPI, afirma que a votação do relatório que poupou o ex-presidente foi duvidosa.

“Lula se salvou de um impeachment com a exclusão de seu nome e de seu filho Fábio Lula da Silva (o Lulinha) na madrugada do dia 05/04/2006 do relatório final da CPI dos Correios, que foi aprovado em votação polêmica e duvidosa naquele mesmo dia”.

Lula pressiona CPI do CARF para proteger a família

Delcidio afirmou aos procuradores da Lava Jato que, como líder do governo, foi pressionado por Lula para que Mauro Marcondes e Cristina Mautoni não fossem depor na CPI que apura a venda de Medidas Provisórias. Ele revelou que o ex-presidente temia que o casal pudesse implicar seus filhos no escândalo.

“Delcidio do Amaral tem conhecimento de que um dos temas que mais aflige o presidente Lula é a CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A preocupação do ex- presidente foi elevada especialmente quando da convocação de Mauro Marcondes e sua esposa Cristina Mautoni. Por várias vezes o próprio Lula solicitou a Delcidio que agisse para evitar a convocação do casal para depor perante a CPI. Lula alegava que estava muito preocupado com eles.

Mas, em verdade, Lula estava preocupado com implicações à sua própria família, especialmente com os filhos Fábio Luiz Lula da Silva e Luiz Claudio Lula da Silva. Esse fato foi confirmado a Delcídio por Maurício Bumlai, que conhece muito bem a relação dos familiares de Lula com a casal. Em resposta a insistência de Lula, Delcídio, como líder do governo no Senado, mobilizou a base do governo para derrubar os requerimentos de convocação do casal na reunião ocorrida em 05/11/2015, onde logrou êxito”.
  
Bumlai é o consigliere da família Lula

No anexo 6 de sua delação premiada, Delcidio descreve as relações de Bumlai com o ex-presidente e sua família. Fala sobre os negócios escusos envolvendo o pecuarista e a Petrobras e cita as obras no sítio de Atibaia.

“Ao contrário do que afirma o ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai goza de total intimidade com ele, representando de certa maneira o papel de ‘consigliere’ da família Lula....

De todas as ações ilícitas de Bumlai, uma das mais relevantes é a aquisição/operação, pela Petrobras, da sonda Vitória 10.000, cujos desdobramentos políticos e financeiros são muito maiores do que os divulgados. O negócio foi feito com a finalidade de quitar uma dívida de Bumlai com o Banco Schahim, divida essa de R$ 12 milhões. O contrato girou em torno de US$ 16 milhões... A realidade é que o contrato não só quitou a dívida de Bumlai como pagou dívidas da campanha presidencial de Lula em 2006...

Bumlai foi o principal responsável pela implementação do Instituto Lula, disponibilizando de todo o aparato logístico e financeiro. Foi também a pessoa que ficou responsável, em um primeiro momento, pelas obras do sítio de Atibaia, do ex-presidente Lula. Delcidio tem conhecimento de que Bumlai já tinha contratado arquiteto e engenheiro para a realização das obras, o que foi abortadopor Léo Pinheiro, outro grande amigo do presidente, que pessoalmente se dispôs a fazer o serviço através da OAS em um curto espaço de tempo”.
  
Pedágio na CPI da Petrobras

Delcído diz que os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Vital do Rego (PMDB-PB) e os deputados Marco Maia (PT-RS) e Fernando Francischini (SD-PR) cobravam de empreiteiros para não serem convocados na CPI da Petrobras.
 “Delcidio do Amaral sabe de ilicitudes envolvendo o desfecho da CPI que apurava os crimes no âmbito da Petrobras. A CPI obrigava Léo Pinheiro, Júlio Camargo e Ricardo Pessoa a jantarem todas as segundas-feiras em Brasília. O objetivo desses jantares era evitar que os empresários fossem convocados para depor na CPI. Os senadores Gim Argello, Vital do Rego e os deputados Marco Maia e Francischini cobravam pedágio para não convocar e evitar maiores investigações contra Léo Pinheiro, Júlio Camargo e Ricardo Pessoa.”

 FONTE: DIÁRIO DO PODER/REPRODUÇÃO
Créditos das fotos nesta matéria: Gilberto Tadday; Antônio Cruz/Agência Brasil; Ichiro Guerra; Marcos Oliveira/Agência Senado; Rodrigues Pozzebom/Agência Brasilfotos: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo; Juca Varella/Estadão Conteúdo; Márcio Fernandes/ Estadão Conteúdo