quinta-feira, 24 de maio de 2018

Política: "o carlismo enquanto método não acabou", diz Sen. Lídice da Mata

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Lídice: nosso candidato tem de ser contra a privatização da Eletrobras, da Petrobras e dos bancos públicos! (Crédito: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Em uma entrevista concedida ao site  Conversa Afiada do jornalista Paulo Henrique Amorim, a  senadora Lídice da Mata (PSB-BA)., discorreu sobre assuntos relacionados ao país e as eleições de outubro. Leia abaixo os principais pontos publicados pelo jornalista.
PHA: Eu converso com a senadora Lídice da Mata, que é do PSB da Bahia. Senadora, na sua opinião, o PSB deve marchar com Ciro ou com Lula na Eleição de 2018?
Lídice: Olha, Paulo, o partido ainda não iniciou esse debate. Na verdade, o presidente do partido, na semana passada, teve um encontro com a senadora Gleisi e com o deputado Paulo Teixeira, da Executiva do PT. E eles fizeram uma primeira análise e me disseram que a conversa foi boa, ambos os lados. E já começaram a articular algumas alianças nos estados. Logo depois o presidente do partido teve uma reunião com o [Carlos] Lupi, que é presidente do PDT.
Então, é claro que, pela resolução do Congresso do partido, em março, a nossa análise é que as indicações do Congresso foram: ou candidatura própria, que a essa altura eu acho muito difícil - após a desistência de Joaquim Barbosa, o partido não tem um candidato natural, desde a morte de Eduardo [Campos]... Na verdade, a própria candidatura de Joaquim Barbosa seria uma candidatura de composição, de uma liderança fora, de uma liderança da sociedade, de fora do partido, que se incorporaria a ele para um desafio deste.
E a outra hipótese, que acho mais difícil hoje, que era a hipótese de liberar os estados - cada um fazer o seu acordo. E a terceira hipótese, que era o partido apoiar uma candidatura de centro-esquerda. De centro para a esquerda. O que eu quero dizer com isso? Uma candidatura que está expressa no documento do partido. Que seja claramente contra a privatização da Eletrobras, da CHESF, da Petrobras, dos bancos públicos. Portanto, com uma definição muito clara, contraria à entrega da soberania nacional, do patrimônio público, que vem sendo promovido por este governo atual.
PHA: Agora eu lhe pergunto: no caso especifico da Bahia - a senhora é do PSB da Bahia e candidata à reeleição -, no caso da Bahia, qual deve ser o alinhamento do seu partido?
Lídice: Olha, na Bahia nós temos uma aliança com o PT. O PT está praticando uma estratégia de levar a candidatura de Lula até o registro. E nós achamos que é correto e é um direito do PT fazer isso. Até o registro... e dar continuidade a essa candidatura. Na medida em que ela se realiza e como possível, Lula é o candidato, digamos assim, que hoje tem o maior apoio do povo no Brasil, mas em particular no Nordeste. Na Bahia, a candidatura de Lula passa dos 70% da aprovação popular. Então, numa conjuntura dessa, o natural seria que nós fôssemos com a candidatura de Lula. Mas vai depender de como essa candidatura vai se estruturar daqui pra frente. A possibilidade da sua existência. Mas Ciro não é um candidato que possa ser rejeitado pelo PSB. Ele tem uma história política no Nordeste também. Foi governador do estado, já foi do PSB e mantém relações políticas com o PSB. O PSB tem uma dificuldade a mais, é claro, do que os outros partidos, porque com a morte de Eduardo ele foi muito fragilizado, e está se recompondo. No entanto, tomou uma decisão corajosa durante esse processo da Reforma Trabalhista, que foi indicar a saída de 10 deputados federais, para garantir que o partido mantivesse a sua posição contra a Reforma Trabalhista. O partido faz um retorno à sua história de centro-esquerda, com essa posição, com seu pronunciamento claro contra a Reforma da Previdência e com essa posição tomada no seu último Congresso de apoio a uma candidatura de centro à esquerda. Eu só posso achar bastante positiva essa posição do partido.
PHA: Nessa sabatina de ontem à Folha de S. Paulo, o Ciro Gomes falou que quer ser um candidato de centro-esquerda. Ele diz que o PSB e o PCdoB seriam a referência moral e política do Governo dele. Então, eu pergunto: caso o PSB se incline pela candidatura do Ciro, o PSB reivindicaria o quê? O PSB gostaria de indicar o vice?
Lídice: Eu não diria que não, mas não posso dizer que sim, porque o partido ainda não reuniu a sua Executiva para tomar uma posição dessa. Mas acho que pode ser um movimento natural do PSB, não me coloco em contrário. O que acho que o PSB principalmente deveria, com qualquer candidatura - candidatura de Lula, candidatura de Ciro - era apresentar o seu programa, o seu projeto para que pudesse ser incorporado a qualquer dessas candidaturas.
PHA: Outra pergunta, e eu espero que seja a última, senadora, para não tomar o seu tempo: a senhora foi prefeita de Salvador e foi claramente perseguida por ACM. Hoje nós vemos que o neto dele, ACM Neto, de certa maneira fugiu do embate para a campanha de governador da Bahia. A que a senhora atribui a fuga do Neto, daquele que a perseguiu tão implacavelmente?
Lídice: Olha, eu só posso achar que ele fez as contas e percebeu que largar a Prefeitura, para a qual se elegeu por quatro anos, para concorrer em uma Eleição onde o governador da Bahia já era claramente o favorito naquele período - e agora cresce mais -, não seria bem avaliado pela cidade e, por isso, desistiu. É claro que, ao desistir, já que ele tinha alimentado essa hipótese de ser candidato ao governo, fez com que o seu lado tivesse uma decepção, uma frustração, até porque, com sua saída, se enfraquece mais.
PHA: A senhora acha que o carlismo acabou?
Lídice: Olha, o carlismo enquanto método não acabou. Ele acabou enquanto perspectiva de poder imediata. Acho que até há uma mistura geral, um espalhamento geral do carlismo na Bahia. Como não existe Antônio Carlos, não pode ser reagrupado o carlismo.

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